MOTIVAÇÃO PARA O TRABALHO


Gostaria de refletir no presente ensaio acerca de um tema que permeia muitos elementos e áreas de atuação humana, tanto na área da computação quanto na área da educação: a motivação para o trabalho.
Os estudos sobre motivação para o trabalho estão no âmbito dos estudos de comportamento organizacional, que se unem a outros estudos como liderança, satisfação, valores, saúde ocupacional, cultura organizacional etc. Tais estudos evoluíram a partir das necessidades de se compreender o ser humano e suas ligações com o trabalho. Isso porque classicamente gerenciar recursos humanos ficava circunscrito ao registro de pessoal, com vistas aos procedimentos contidos nas leis trabalhistas e previdenciárias, descartando os elementos subjetivos e coletivos que ocorrem no ambiente de trabalho. Qualquer um desses temas, incluindo o da motivação, implica quatro variáveis que norteiam a busca da eficiência na relação homem-trabalho, ou seja, aumentar ou manter a produtividade da força de trabalho, diminuir o absenteísmo (faltas ao trabalho), diminuir a rotatividade (o que gera altos custos com demissões e contratações) e aumentar a satisfação do empregado. Isso quer dizer que é possível, através dos estudos de motivação, contribuir com explicações e previsões a respeito da produtividade, absenteísmo, rotatividade e satisfação dos profissionais, da educação e da computação, para com o trabalho.
Robbins (1999), Mucharrera (2012) e Borges e colaboradores (2008) concordam que é cada vez mais comum a preocupação das organizações em relacionar o desempenho dos seus colaboradores com o seu grau de motivação. E que apesar de comumente a motivação ser descrita como um traço da personalidade dos seres humanos, atualmente os estudos nessa área comprovam que a motivação, além de ser um traço, ocorre por meio da interação entre o indivíduo e a situação laboral e pode ser desenvolvida e estimulada por ações organizadas.
Quando esses autores se referem à interação entre indivíduo e situação, eles possivelmente estejam falando da existência de uma chefia e de uma equipe de trabalho, que representam a estrutura organizacional em qualquer organização. Barbalho (2012) salienta que se pode analisar o termo estrutura sob duas acepções: a) as partes físicas da organização relacionadas ao espaço e aos equipamentos que lhes são pertinentes (localização espacial); e b) em consideração aos elementos do trabalho, operações do processo de produção (sistema organizacional, organização do trabalho, organização da produção etc.). Para a autora, ambas as acepções demandam por inquirições que favorecem sua eficácia, sendo que a primeira envolve os aspetos inerentes ao melhor dimensionamento do espaço físico para maior rendimento dos processos. A segunda enfoca que a estrutura organizacional é composta por diversas unidades que precisam interagir (departamentos, divisões, seções) como também os funcionários e as relações existentes entre superiores e subordinados.
Em uma ótica administrativa, a estrutura representa a rede de autoridade e responsabilidade que a organização deve ter ou construir, para viabilizar a consecução de seus objetivos. Isso não quer dizer que o conceito de estrutura deva fica rigidamente circunscrita à rede de autoridade e responsabilidade, mas é um bom ponto de partida para seu entendimento porque, tanto a estrutura hierárquica quanto a física, refletem relações entre pessoas dentro do espaço organizacional. (LION, 2015)
Segundo Motta (2007), a estrutura vista em perspectiva enxerga a organização como um conjunto de normas que condicionam e orientam o comportamento da força de trabalho, onde a formalidade no desempenho dos funcionários continua a ser o fator primordial para se atingir os objetivos pretendidos e é nesse sentido que a hierarquia aparece como um conceito-chave, culminando daí a autoridade e responsabilidade como definidores da ação individual, viabilizada através do consentimento e subordinação. Estes elementos, segundo Ramos (2003), vêm alterando o âmbito interno das instituições, imprimindo mudanças profundas no relacionamento entre organização (escolas, universidades, centros de processamento de dados, empresas de tecnologia) e profissionais (professores, cientistas da computação, técnicos e auxiliares de escola), onde relações baseadas na hierarquia e subordinação estão dando lugar a parcerias: cada vez mais o gestor é solicitado a estabelecer parcerias e alianças com seus funcionários (colaboradores), ao invés de impor ordens e comandar subordinados.
Percebe-se que em meio à persistência de uma estrutura muito formalizada de comando, onde a tendência à rigidez nos procedimentos é forte, necessário se faz adequar a organização no sentido de atender aos desafios dos mercados atuais, alterando a forma pela qual se distribuem a autoridade e responsabilidade. Isto significa flexibilizar o organograma, reformulando responsabilidades e autoridade, bem como alterando e adequando a organização do trabalho no ambiente organizacional. (LION, 2015)
Então, a que preocupações os gestores de escolas e empresas da área da TIC (tecnologia da informação e comunicação) devem atentar quando procuram motivar suas equipes? Devemos, em nosso intimo buscar refletir com explicações acerca da motivação para o trabalho desses profissionais, levando em consideração aspectos como produtividade, absenteísmo, rotatividade e satisfação para com o trabalho. Afinal, em algum momento seremos ou gestores ou componentes das equipes de trabalho.

REFERÊNCIAS

BARBALHO, C.R.S. Estrutura organizacional de bibliotecas universitárias: subsidio para sua composição. In: SEMINÁRIO NACIONAL DAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS – SNBU, 2012, Gramado. Anais... Gramado: SNBU, 2012.

BORGES, L. O.; ALVES-FILHO, A.; TAMAYO, A. Motivação e significado do trabalho. In: SIQUEIRA, M. M. M. Medida do comportamento organizacional. Ferramentas de Diagnósticas e de Gestão. Porto Alegre: Artmed, 2008, p.215-248.


 MUCHARREIRA, P. R .Motivação e Aprendizagem: A Didática da Economia no Ensino Secundário - um estudo de caso.Dissertação (mestrado) – Instituto Superior de Gestão (ISG). Lisboa, 2012. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/270452259> . Acesso em: 14 nov. 2017.

 MOTTA. Fernando C. Prestes. Transformação organizacional:a teoria e a prática de inovar. 6 reimpressão. Rio de Janeiro: Quality Mark, 2007.

RAMOS, P.A.B. A gestão na organização de Unidades de Informação. Ci. Inf. - v.9, n.1, 2003.


ROBBINS, S. Comportamento organizacional. Rio de Janeiro: LTC, 1999.

Comentários

  1. Olá Samir, quando você chega na discussão sobre as TIC na educação, você termina o texto. É sobre isso que precisa discutir. Faça reflexões mais autorais e menos acadêmicas, de forma que possa ser possível ver o que você pensa sobre os temas trabalhados em aula.

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